Yersinia pestis é o agente causador da peste, doença zoonótica de roedores,
transmitida aos seres humanos principalmente por picadas de pulgas infectadas.
A 
Y. pestis foi introduzida no Brasil por via marítima durante a terceira
pandemia, em 1899, e se estabeleceu entre os roedores silvestres em áreas
rurais em vários complexos ecológicos. Entre 1966 e 1997, um total de 916
cepas de 
Y. pestis foram isoladas de roedores, pulgas e humanos durante
a ocorrência de epidemias ou durante as atividades de vigilância da doença em
períodos endêmicos. A maioria das cepas foi isolada do estado de Pernambuco
(Chapada do Araripe e Serra de Triunfo), Chapada da Borborema (Pernambuco e Paraíba),
e outras foram isoladas do Ceará (Serra da Ibiapaba e Serra de Baturité),
Bahia e Minas Gerais.
      Chapada do Araripe, Exu - PE | 
      Fonte: Serviço de Referência Nacional em Peste, IAM – 2024 | 
      Planalto da Borborema - PE | 
      Triunfo - PE | 
      Serra da Ibiapaba, Ipu – CE | 
      Vale do Jequitinhonha - MG | 
      Planalto Oriental - BA | 
      Vale do Rio Doce - MG | 
      
 | 
 
As culturas foram identificadas pelas características culturais, teste com bacteriófago específico e ensaios bioquímicos para determinar o biovar. As cepas brasileiras de 
Y. pestis pertencem à variedade 
Orientalis disseminada mundialmente durante a terceira pandemia. As culturas estão depositadas na 
Coleção de Yersinia pestis (Fiocruz – CYP), mantida pelo Serviço Nacional de Referência em Peste (SRP) do 
Instituto Aggeu Magalhães da Fiocruz (IAM/ Fiocruz– PE). As culturas são mantidas e manipuladas no Laboratório de Nível de Biossegurança 3 (NB3). As cepas estão sendo caracterizadas sob os pontos de vista da genômica (sequenciamento do genoma completo) e por proteômica (MALDI-TOF) e já foram anteriormente genotipadas através de várias abordagens moleculares: conteúdo plasmidial; perfil de proteínas de membrana externa; RAPD (Random Amplified Polymorphic DNA); ribotipagem-PCR; MLVA (Multiple-Locus Variable-number tandem repeat Analysis); PFGE (Pulsed-Field Gel Electrophoresis); análise de locos CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats regions). Estes estudos visam contribuir para o entendimento sobre a propagação de 
Y. pestis no Brasil e a dinâmica populacional das cepas de peste brasileiras. Ademais, dados de georreferenciamento das cepas estão sendo incorporados ao acervo da coleção.
A 
CYP atualmente está filiada a 
World Federation for Culture Collections, WFCC, sob o registro 
WDCM 1040.
Confira 
aqui uma publicação de 2025 sobre a trajetória, os desafios e as contribuições da CYP.